*João Roberto Andrade Neves

Em nações primitivas, é supercavâneo se
perquirir sobre as razões pelas quais os mestres ou educadores (como
eram chamados antigamente os professores em raros ambientes civilizados
de países atrasados) não são valorizados, o que remete a uma história
antiga como o tempo: a do mestre, do educando e do anel. Nela, atesta-se
que só dá verdadeiro valor a um bem quem é especialista no assunto,
quem o conhece profundamente, o que não é o caso dos que transitam entre
a ignorância ociosa e o oportunismo inescrupuloso vigente no Brasil
oficial. No final da história aflora o óbvio: o anel só foi valorizado
com preço justo por um especialista (joalheiro). A falta de proficiência
de governantes e burocratas leva o Brasil a ter mais servidores do que
mestres.
O que falta para pagar condignamente educadores sérios é desperdiçado
pelo cabide de empregos. Deveras. Há muito tempo o Brasil possui algo
em torno de 2 milhões de professores. Entretanto, não para de crescer o
número de servidores, atualmente em 2,4 milhões (que gerava em 2010 uma
despesa em torno de R$ 56 bilhões), grande número deles em cargos de
comissão, de direção, supervisão regional etc. No Brasil existe 1,48
servidor para cada educador, relação que é de 0,43 servidor para cada
professor na área da OCDE. A educação pública de qualidade, único
caminho para a erradicação da miséria, só é possível, entre outras
medidas, com o pagamento condigno de educadores sérios. A inclusão
social nada mais é do que o resultado da “distribuição” de conhecimento,
não de políticas assistencialistas.
*João Roberto Andrade Neves é AdvogadoFONTE: http://janeayresouto.com.br/2012/?p=2932
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